Você também se preocupa o tempo todo com o futuro dos seus filhos em um mundo cada vez mais competitivo e tecnológico? Tem vontade de investir para que as crianças tenham posse de todas as competências para se destacarem nesse cenário? Mas você já parou para pensar que futuro é esse? O psicólogo Leonardo Piamonte sim e, nesse artigo que você pode ler na íntegra aqui, ele denomina esse comportamento de hipermetropia parental. Segundo Piamonte, alguns pais não conseguem enxergar o que está perto, apenas vislumbram, com dificuldade até, o que está longe, e esse longe, diz ele, é sempre um futuro possuído pela tecnologia. Onde estão nossas preocupações para criar filhos mais humanos? Leonardo se pergunta isso e joga essa indagação bem na nossa frente, para refletirmos.

"Alguns pais não conseguem relacionar a menininha brincando com independência com a adulta autônoma. Não relacionam que uma criança que aprende a se virar sozinha em tarefas básicas sem intervenções desnecessárias dos adultos é uma pessoa com mais chances de ser independente emocionalmente e mais capaz de lidar com a frustração. Quando uma criança aprende a ler a emoção do outro, a identificar as suas próprias emoções hoje, aprende a desenvolver relações sadias no futuro", lembra ele.

Essas lições, segundo o especialista, não estão no futuro que tanto nos preocupa, estão no agora, em casa, com a convivência conosco, mães e pais. 

"Esses pequenos são nativos digitais, não vão apanhar do Excel como você (até porque o Excel provavelmente nem vai existir mais). Usarão a tecnologia para tudo. Comprarão seus mantimentos usando a geladeira, que provavelmente automaticamente gerará uma lista do que falta e algum centro de distribuição voador enviará o pedido com um drone, ou uma maritaca robótica, vai saber. O futuro será multicultural, multilinguístico, colaborativo. Isso se a gente não se matar antes numa guerra nuclear. O desafio não está em as crianças terem as habilidades, o conhecimento, as ferramentas e os segredos. Vai ter aplicativo pra isso tudo. O grande desafio é eles terem a ética, a solidariedade, o comportamento moral e a empatia necessária para uma verdadeira (r)evolução no meio de tanta inversão de valores... isso eles não vão achar na nuvem", sentencia.

Os desafios humanos das crianças são enormes e mexem com todos nós, mães e pais. Não é de hoje que penso em como precisamos preparar nossos filhos não só para vencer como também para lidar com as frustrações da vida, com o outro, com os obstáculos, perdas e solidão.

Nessas horas, não vai ter aplicativo que funcione melhor do que os valores que ensinamos a eles, não é?: