Trocar as fraldas, servir o almoço, levar e buscar da escola. Na rotina com os filhos, esses "pequenos" cuidados podem - e devem - entrar na pauta dos pais também. A conclusão é do relatório Estado de la Paternidad – América Latina y el Caribe, um levantamento da paternidade na região que foi divulgado em junho deste ano. Conforme Marcos Nascimento, psicólogo que pesquisa as masculinidades na Fiocruz e participou da produção do relatório, há ainda muitas barreiras que impedem o homem de assumir a função de cuidador: 

“Falta pensar no cuidado como pertencente ao universo masculino, já que os homens são tão capazes de cuidar quanto as mulheres, só precisam ser educados para isso”.


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Para o especialista, este é o momento de ressignificar o papel que o homem ocupa no mundo e fortalecer o vínculo parental nas famílias, algo fundamental para o desenvolvimento das crianças. É importante, ainda, compreender a função do pai para além daquele que “ajuda”: 

“Não é ajuda, é uma tarefa de cuidado. Ninguém diz que mãe ajuda. Com os homens é a mesma coisa: o cuidado não é um favor e sim parte de seu papel. Isso é tão internalizado que procuramos adjetivos para classificar a paternidade associada ao cuidado: paternidade ativa, responsável, nova paternidade. Nós nunca fizemos isso com as mulheres, mas com os homens há um estranhamento”.

Com relação a políticas públicas que incentivem essa participação, Marcos diz que há alguns avanços, como a lei que dá ao homem o direito de acompanhar a gestante no parto e a licença paternidade de 20 dias para alguns cargos públicos e nas empresas que aderiram ao programa Empresa Cidadã. No entanto, há muito que se conquistar.

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