Uma das maiores redes de lojas de departamento da Europa, a britânica John Lewis, tomou uma medida revolucionária, pioneira e igualitária em seu departamento de roupas infantis. De agora em diante, suas 48 lojas não fazem distinção entre roupas de meninos e de meninas. Segundo a imprensa britânica, a decisão da empresa, com 153 anos de história, responde ao desejo de “não reforçar os estereótipos de gênero”. Um exemplo para todos nós que trabalhamos com moda infantil. 

Para começar, a rede eliminou a tradicional e até agora inevitável distinção entre as seções deles e delas, de modo que todas as roupas são expostas juntas e é o consumidor que decide se compra essa roupa para o filho ou a filha. Mas as mudanças são mais profundas do que aspectos meramente relacionados à organização e à apresentação: todas as roupas de 0 a 14 anos, incluindo vestidos e saias, são etiquetadas como neutras, com o texto Boys & Girls ou Girls & Boys.

Além disso, a rede lançou uma linha de roupas “de gênero não específico”, com desenhos pensados para ambos os sexos e com imagens tipicamente associadas à roupa infantil, como soldados de brinquedo, safáris, naves espaciais e dinossauros.

No entanto, algumas vozes críticas também se levantaram, como a do deputado conservador Andrew Bridgen, que afirma que “as etiquetas de meninos e meninas são informativas”. “Eu acho que ao eliminá-las podemos confundir muito o cliente. Parece que o politicamente correto continua avançando, mas não vejo muitos clientes comprando um vestido para seu filho de seis anos”, censurou.


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O número de pais que tenta educar as crianças à margem dos estereótipos está crescendo e, nesse contexto, surgiu o fenômeno de vestir os filhos de princesa. Tudo começou com a cantora Adele, que em 2016 vestiu o filho Angelo, de três anos, com uma fantasia da princesa Elsa.