Como criar crianças antirracistas? É o que tenho me perguntado durante toda a minha maternidade. Sendo uma mãe preta de filhos que tem um pai branco, minha pergunta sempre foi como ajudar outros pais a criarem crianças antirracistas e o que eu poderia fazer ou dizer às minhas crianças para que elas soubessem se defender do racismo.
Pra mim, este é um assunto tão necessário quanto ensinar crianças a escovarem os dentes. E a resposta para essa pergunta é simples: devemos parar de fingir que somos todos iguais, porque é assumindo nossas diferenças e enxergando isso que conseguimos ensinar que elas nos fazem ser o que somos. Não podemos esquecer ainda a necessidade de falar sobre privilégios, explicar às crianças brancas e negras sobre facilidades e dificuldades que estão implícitas na questão racial, pois escolher e não falar sobre racismo pode trazer graves consequências.
Quando eu era criança, por mais que grande parte da minha família seja negra, não falávamos em racismo explicitamente. Mas, uma vez ou outra ouvíamos um adulto empoderando as crianças da família a não aceitarem quando alguém cogitasse nos diminuir por conta da cor da nossa pele. Hoje, estamos aqui ensinando abertamente a importância de falar sobre isso.
Jacky Lima fala sobre a maternidade e o antirracismo (Reprodução/Instagram)
É exatamente aqui que tudo começa! Empoderar crianças negras e mostrar que não há nada de errado com elas, que devem se amar e ter orgulho da cor da sua pele, do seu cabelo, do seu nariz, de suas características e origens! Este é o primeiro passo para criar crianças antirracistas, porque é através deste empoderamento que a corrente do amor e do respeito ao próximo gira.
Quanto mais cedo abordarmos o tema e não repetirmos padrões retrógrados (já tão enraizados na nossa cultura), menos traumas poderemos causar. Por fim, é preciso que crianças brancas e negras conheçam as verdadeiras histórias africanas! Que lhe sejam oferecidos entretenimento - desenhos e livros onde elas possam encontrar a riqueza da cultura de seus antepassados, os reis, rainhas e os grandes guerreiros, para que não vejam mais o povo preto como um símbolo de servidão.
Jacky Lima - Mãe, universitária e criadora de conteúdo no @ajackylima