Feche os olhos e imagine uma sala de aula. Imaginou fileiras de cadeiras e mesas dispostas em frente a um quadro? É essa a concepção que a maioria das pessoas têm. Mas será que ela é a melhor configuração para estimular o desenvolvimento das crianças? De acordo com este artigo da Arch Daily, não. Essa fórmula de sala de aula existe há mais de 300 anos - e quase tudo mudou de lá pra cá, mas as escolas seguem parecidas.

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Quando se pensa que os bebês nascem com 100 bilhões (bi-lhões!) de neurônios, que vão diminuindo em número até chegar a cerca de 20 bilhões em um adulto, fica claro que é preciso focar esforços em desenvolver esses pequenos cérebros o máximo possível enquanto ainda são jovens. O que se vê, no entanto, é muito mais investimento em laboratórios e tecnologias para o ensino adulto do que para o infantil, que segue lá, em 1700. A novidade otimista é que algumas propostas arquitetônicas recentes estão tentando mudar esse cenário.


Um bom exemplo é o projeto da escola Wish, em São Paulo. O projeto surgiu a partir de reuniões entre arquitetos, professores, coordenadores, responsáveis pela manutenção e, claro, alunos. Todo mundo colaborando com suas visões, necessidades e ideias. O resultado é uma escola que não tem corredores, onde módulos se movimentam e criam tanto espaços de circulação quanto espaços de salas de aula maiores ou menores, conforme necessário. 

E se você está se perguntando se tanta inovação deu certo, a resposta é sim: “Uma pesquisa feita pelo escritório através da captação de vídeos para analisar a pós-ocupação demonstra a apropriação dos diferentes espaços pelos alunos e educadores para diferentes atividades: grupos de crianças desenvolvem uma pesquisa na sala, aulas expositivas acontecem fora das salas, alguém joga xadrez no banco, uma menina faz uma leitura escondida embaixo da escada, um sarau na rampa ou uma reunião de professores nas mesas do refeitório. Apropriações estas que acabam por validar o projeto como catalisador de apropriações e como aparato que expõem os alunos aos conflitos inerentes do convívio coletivo”.

Além de pensar em ambientes com estímulos visuais e sensoriais, parte desse esforço é incluir as crianças no local de compartilhamento de conhecimento e aprendizado. Romper com a ideia de que o professor fica lá na frente, em pé, enquanto os pitocos precisam segurar seus ímpetos espontâneos e infantis para ficarem sentados, assistindo passivamente, é um dos caminhos. 

O artigo do Arch Daily explica que é preciso “um desenho pensado não apenas a partir das questões ergonômicas das crianças, mas colocando-as como coautoras do projeto, através da possibilidade de reconfiguração espacial, layouts mais abertos a possibilidades infinitas, elementos pensados com a finalidade de trabalhar o sistema físico, intelectual e psíquico”.

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