Adotar é um gesto de amor – e de paciência. Muita. Regada a ansiedade e construção de sonhos.

Segundo reportagem da Folha de S. Paulo, porém, a realidade brasileira tem mudado. Em São Paulo, a média de tempo de espera para quem busca adotar uma criança de até seis anos de idade é de cinco anos.

Iberê de Castro Dias, juiz da Vara da Infância e da Juventude do Tribunal de Justiça de São Paulo, afirma que a fila de pessoas interessadas em adotar é, muitas vezes, maior do que os bebês e crianças pequenas que estão para adoção. "É sinal de uma evolução social", diz ele.

Segundo Dias, essas crianças estão sendo reinseridas em seu ambiente familiar de origem.

Em outros Estados do país, a realidade é semelhante.

Foto: Alice Klein

Foi o caso da consultora de moda Ana Fritsch (acima) e do marido, o jornalista Alexandre Elmi. Eles estavam na fila há cerca de quatro anos, mesmo sem ter preferência por bebês recém-nascidos. Poderiam ser irmãos de até cinco anos.

Paralelamente à espera no Rio Grande do Sul, o casal fazia buscas ativas também por outros lugares do Brasil para tentar agilizar.

A ansiedade de ter os filhos em casa era grande.

E a surpresa maior ainda estava por vir.

Primi Stili ouviu o relato de Ana neste final de semana de Dia das Mães. Leia:

“Um dia, nos ligaram de um desses locais dizendo que chegaria um bebê recém-nascido. Perguntaram se nós aceitaríamos por estar fora do nosso perfil. Claro que dissemos que sim, porque seria uma coisa quase impossível de acontecer. E foi assim que aconteceu a adoção da Alice.

Ela chegou para nós com apenas seis horas de vida. Foi muito emocionante: ela saiu do hospital, a gente estava esperando no abrigo. E ela chegou.

Quando a gente se encontrou foi maravilhoso. A coisa mais marcante da minha vida... aquele pacotinho, coisa mais linda! Agora, ela está enorme (Alice está com 1 ano e 4 meses). Muito louco ver o crescimento dela.”

Apesar de não ter passado pela gestação, Ana conseguiu amamentar Alice – e amamenta até hoje:

“Conversando com pessoas, me perguntaram se eu iria amamentá-la. Eu jamais havia pensado sobre isso. Quando encontrei com ela, coloquei-a nos meus braços, nos meus seios, para ela me cheirar. Sentir que eu era mãe dela. E ela imediatamente começou a me sugar.

Algumas horas mais tarde, coloquei Alice de novo nos meus seios e vi que estava saindo leite. Uma coisa muito mágica! É incrível isso.

Não fiz grandes tratamentos. Eu apenas tinha tomado Plasil, que eu ouvi que dava leite, depois fiz acompanhamento com uma outra medicação - mas parei há muitos meses. E ela seguiu mamando. Hoje ela já vai pra escolinha, come algumas outras coisas mas segue mamando.

Acho que a amamentação reforça os laços. Ela é muito carinhosa e comunicativa comigo e com o Alexandre, pai dela. Sinto que, a cada acontecimento, esses laços se reforçam. Somos completamente apaixonados por ela. A cada descoberta a gente se ama mais um pouco.”



A adoção precisa ser discutida sempre – para apoiar os casais que buscam a paternidade e para quebrar todos os tabus que ainda rondam o tema.

Em uma entrevista para a edição de junho de 2018 da revista InStyle, a atriz Sandra Bullock tomou a frente do tema e pediu o fim da frase “meu filho adotivo”:

- Vamos todos nos referir a essas crianças como nossos filhos. Não diga meu filho adotivo. Ninguém chama o filho de filho de fertilização in vitro ou filho de uma noite no bar’. Então, vamos apenas dizer: nossas crianças.