A Holanda é líder de uma pesquisa feita pelo Unicef com outros 28 países para indicar onde as crianças são mais felizes. Os motivos elencados no estudo para que as crianças ganhem essa “disputa” são surpreendentes - porém óbvios. E não tem a ver necessariamente com padrão social.
Tudo se resume ao estilo de vida e à forma como os pais exercem a parentalidade. Os americanos, que ficaram na 26ª posição do levantamento, tentam compreender por que aparecem na frente apenas de países pobres como Lituânia e Romênia, perdendo de longe para a Holanda.
Um detalhe que chama atenção: a escola não é o principal local de aprendizado das crianças. Lá, os pequenos encaram o local como um espaço para serem crianças juntamente com seus amigos. Antes dos 6 anos, não existem provas ou tarefas de casa.
Se eles demonstrarem interesse em matemática ou leitura, recebem material e podem explorar por si mesmas. Mas nunca deixando de curtir a idade na qual brincar é o que mais importa.
Um ponto importante a favor da Holanda, no que se refere à felicidade de suas crianças, vem de casa. Menos exigentes e mais tolerantes consigo mesmo, os pais transmitem aos filhos uma maior liberdade de agir. Assim, as crianças crescem com maior autonomia, confiança e independência.
As mães holandesas não fazem pelos filhos as coisas que eles são capazes de fazerem sozinhos. Além de colaborar para a autonomia da criança, isso também permite que os pais passem mais tempos sozinhos - o que deixa todo mundo mais tranquilo e satisfeito.
A colaboração e a divisão de papeis na família são outro fator que os pesquisadores levaram em consideração. Lá, os homens dividem constantemente as responsabilidades da criação dos filhos. "É muito provável que você veja pais empurrando carrinho de bebê tanto quanto você vê as mães fazendo isso", diz o estudo.
Disciplina é outra área em que as coisas são diferentes:as crianças não são punidas. Eles aprendem "comportamentos socialmente apropriados", mas não se espera que elas sejam permanentemente obedientes aos adultos. Isso os faz agir de forma mais madura.
Para os autores da pesquisa, as crianças tratadas dessa forma têm menos probabilidade de serem desobedientes "de propósito" - pelo contrário, elas costumam se defender argumentando a partir do seu ponto de vista.
Outro dado ressaltado pelo Unicef é a utilização dos espaços públicos sem grande interferência por parte dos adultos. No país europeu, o princípio de que a criança deve agir como tal foi um dos pontos que fez o país liderar a pesquisa. Diferentemente dos Estados Unidos, onde, segundo a pesquisa, os pais pressionam os filhos por mais estudos e mais tarefas, “forçando” o amadurecimento precoce.