Já é de se esperar que os curtas que a Pixar tradicionalmente lança junto com grandes blockbusters sejam sensíveis e deixem todo mundo emocionado em seus poucos minutos. Com Bao não foi diferente. Seguindo a atual tendência do megaestúdio de mostrar pedacinhos de culturas espalhadas pelo mundo (recentemente Coco apresentou a mexicana e Sanjay a indiana), a história de Bao acontece em uma família chinesa e fala sobre diferentes aspectos da maternidade.

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A história é a seguinte: um casal senta-se para jantar. Em meio à refeição preparada com carinho, um pãozinho cozido, chamado de baozi ou bao na culinária chinesa, ganha vida. E é aí que a personagem responsável pelas delícias do jantar vira mãe. Ela cuida do pãozinho bem de perto já que, fofinho e macio, tudo é capaz de machucá-lo. A figura de uma mãe superprotetora se forma. A atenção dedicada ao pequeno é tanta que o personagem do pai chega a sumir da animação.

O pãozinho-filho cresce, vira adolescente e ranzinza. A fase é superada pela dupla e ele chega à idade adulta, quando começa a namorar uma menina ocidental. Entendendo que o filho está ensaiando sair de casa, a mãe toma uma atitude desesperada para impedir que ele vá embora: ela come o pãozinho. Muita gente achou essa cena estranha, mas olhando com atenção é possível enxergar a clara alusão ao sofrimento diante da síndrome do ninho vazio que a cena propõe. Mais um aspecto da maternidade retratado de maneira lúdica nos 8 minutos de filme.

Outro detalhe importante sobre a narrativa é que há quem pense que a história acontece em algum lugar da Ásia, mas não. O curta é ambientado em Toronto, cidade da diretora e criadora do filme - que não por acaso tem origem chinesa. Talvez esse elemento tão facilmente ignorado seja a maior chave para o entendimento do enredo como um todo. A história de superproteção acontece dentro de uma família imigrante, que está longe dos seus pares, vivendo uma cultura e uma sociedade totalmente distintas das suas.

Bao é um filme para refletir sobre a superproteção, mas também sobre o amor, o cuidado e a expressão desses sentimentos no dia a dia. De que maneiras eles se manifestam, como podem ser gostosos e positivos, mas como podem sufocar um filho também. Vale o play e a experiência, que certamente será muito particular para cada mãe e para cada filho que dedicar alguns minutos à bonita história.