O debate sobre parto normal x cesariana é importante e está sempre em pauta, especialmente quando envolve o abuso no número de cesáreas - aquelas que do ponto de vista médico seriam desnecessárias mas acabam sendo impostas à paciente pelo médico. Pela primeira vez desde 2010, o Brasil registrou queda no número de partos cirúrgicos. No ano passado, o Ministério da Saúde revelou que esse tipo de procedimento, que apresentava curva ascendente, caiu 1,5 ponto percentual em 2015: dos 3 milhões de partos feitos no Brasil no período, 55,5% foram cesáreas e 44,5%, partos normais. 

Nos Estados Unidos, mais de 30% das mulheres se submetem a cesarianas para terem filhos. 

Para mostrar que as mulheres que passam por essa cirurgia também são fortes e, muitas vezes, enfrentam momentos delicadíssimos, inclusive correndo risco de vida (junto com seus bebês), o HuffPost pediu que algumas nova-iorquinas fotografassem suas cicatrizes e contassem suas histórias. Como em todo relato de um parto, seja ele natural ou cirúrgico, em casa ou no hospital, as palavras emocionam. Assim como as imagens. Veja algumas a seguir e leia a reportagem completa do HuffPost.


“Eu tive gêmeos – duas meninas – oito meses atrás. Estava de repouso desde a 26ª semana por causa de uma incompetência cervical. Achavam que eu não chegaria até a 28ª semana, depois até a 30ª, 32ª… Mas eu cheguei. Eu estava tão animada para a minha cirurgia. Ela foi feliz. E você quer saber? Eu amo a minha cicatriz. Ela me mostra que meus bebês estão aqui.” Jody, 42 anos, foto acima


Eu tive hiperêmese gravídica durante toda a minha gravidez. Fiquei hospitalizada algumas vezes. Eu perdi 9 quilos no primeiro trimestre. Eu não conseguia sair da cama. (...) Na 38ª semana, eu disse ‘estou sofrendo muito, não consigo dormir. Não consigo comer’. Eles perceberam que talvez eu estivesse com descolamento de placenta. O hospital estava lotado (...), me induziram e me colocaram em trabalho de parto e acabei tendo uma hérnia de disco. Finalmente decidiram que era hora de fazer uma cesariana (...) Minha gravidez e meu parto foram tão difíceis que eu brinco que minha cicatriz – que foi um bom trabalho da minha obstetra – foi a única coisa que deu certo. No fim do dia, eu tento não pensar mais nisso porque eu tenho uma criança saudável, mas ainda assim eu sinto que tenho esse trauma."  Marissa, 34, foto acima 


"Nasci com glaucoma, uma condição que eu sempre soube poderia me impedir de passar por um trabalho de parto, porque poderia trazer mais danos à minha visão. Sempre encarei bem o fato de que provavelmente não teria um parto natural. Meus braços estavam amarrados. Foi uma experiência muito clínica nessa perspectiva, mas quando reflito sobre esse dia, vejo a sala como um lugar cheio de luz. Eu me senti muito amada e cuidada - e a cicatriz é parte dessa história. Isso me lembra os maravilhosos eventos que cercaram o nascimento dos meus dois filhos."  Caroline, 36, foto acima