Todo mundo sabe que afeto é bom demais para a criançada, não é? Mas você já imaginou se fosse possível enxergar esse impacto em uma imagem? Mais ainda: uma imagem do cérebro da criança que é muito amada?

Pois isso já existe. O hospital norte-americano Texas Children's Hospital conseguiu esse feito. Psiquiatras da instituição divulgaram as tomografias de duas crianças com a ideia de mostrar como o afeto recebido nos primeiros anos de vida impacta no desenvolvimento infantil. O que está por trás das imagens é uma pesquisa realizada pelo especialista Bruce Perry, que avalia a associação entre a negligência sofrida nos primeiros anos de vida com o desenvolvimento irregular do cérebro.

As imagens, divulgadas pelo Hospital ao portal britânico  Daily Mail, mostram a fotografia interna de dois cérebros de criança e comparam o que acontece em nossas estruturas cerebrais quando recebemos amor ou, ao contrário, quando somos negligenciados afetivamente.

O que cérebro menor e com áreas mais escurecidas e obscuras pertence a um bebê vítima de abusos emocionais, que vive em uma família que lhe causou traumas e sofrimentos psicológicos. Já a imagem que exibe um cérebro maior, visivelmente mais desenvolvido e composto por áreas claras, pertence a uma criança cuja família lhe deu amor e segurança emocional.

"A imagem da direita mostra um cérebro bem menor do que a média esperada para a idade, com ventrículos aumentados e atrofia cortical. Isso significa que o bebê com essa condição vai sofrer com atrasos no desenvolvimento e problemas de memória", explica o professor e psiquiatra Bruce Perry, em entrevista ao Daily Mail

Para quem deseja ler a pesquisa na íntegra, o texto "Altered brain development following global neglect in early childhood" está disponível em inglês.

A conclusão do professor é que a negligência emocional no começo da vida impacta direta e negativamente a formação de vínculos saudáveis. Isso pode acarretar, no futuro, em dificuldades de se relacionar, dependência emocional excessiva e ou isolamento social.

Ainda de acordo com Perry, a carência de afeto na primeira infância pode ocasionar ainda quadros estresse precoce. O professor, que é membro do The ChildTrauma Academy, em Houston, nos Estados Unidos, publicou uma série de artigos científicos analisando a relação entre as experiências da primeira infância com o desenvolvimento do indivíduo, além de vídeos explicativos sobre o assunto. Para quem lê em inglês, é possível acessar alguns deles aqui.

Não é impressionante? Partiu amar muito nossos pequenos?