À primeira vista o título deste texto pode parecer criar um paralelo impossível. O que lá tem a ver a pré-escola com o crime? Mas uma análise feita pelo Nobel de Economia James Heckman sobre um estudo da década de 1960 indica que esses dois mundos podem estar intimamente ligados - e mais: que a qualidade do ensino pré-escolar pode ser uma das melhores políticas públicas para prevenir o crime.

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O Perry Preschool Project foi o seguinte: 123 alunos considerados em situação vulnerável foram divididos aleatoriamente em dois grupos. O primeiro recebeu educação de alta qualidade, focada em desenvolver ferramentas que vão muito além do currículo escolar, enquanto o outro funcionou como grupo de controle e não teve acesso a esse sistema de ensino.

Crianças de 0 a 5 anos, ou seja, da primeira infância, participaram do programa, que mirava em técnicas de estímulo dos pequenos - inclusive ensinando os pais a brincarem e desenvolverem seus filhos - para criar cidadãos mais capazes.

No início o experimento foi considerado um desastre, já que o QI das crianças que tiveram atenção especial em idade pré-escolar e o das que não tiveram era basicamente o mesmo. Mas, em entrevista à BBC, Heckman explica por que essa visão estava equivocada: "Nós olhamos não para o QI, mas para as habilidades sociais e emocionais que os participantes demonstraram em etapas seguintes da vida e vimos que o programa era, na verdade, muito mais bem sucedido do que as pessoas achavam. Constatamos que os participantes tinham mais probabilidade de estarem empregados e tinham muito menos chance de ter cometido crimes".

Ponto para a mudança de perspectiva proposta pelo economista e para mais um indício de que estar bem pertinho e dedicar atenção ao desenvolvimento de qualidades e aptidões que vão além do bêabá é fundamental!