Bater os olhos em um livro ilustrado com frases curtas é só o necessário para que muita gente chegue à conclusão de que ali mora uma história leve e infantil, alegre e destinada a quem está aprendendo a ler e ainda consegue juntar apenas um punhado de letrinhas. 

Mas o formato pode ser muito mais que isso. Usar o recurso do desenho para contar parte da história não é simplesmente facilitar o entendimento representando o que está escrito em imagens. Às vezes detalhes-chave da narrativa não estão no texto; moram apenas nas figuras - e elas requerem muita atenção e ótima capacidade de interpretação para serem compreendidas.

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Nos livros abaixo, a linguagem da ilustração é usada para falar sobre assuntos sérios, e o pouco texto de cada página não significa que a abordagem é superficial - bem pelo contrário. As obras são um convite ao pensamento e à reflexão sem deixarem de ser lúdicas e totalmente apropriadas para crianças. Vem ver essa lista de livros essenciais na biblioteca da sua casa!

Para falar de melancolia | Olavo, de Odilon Moraes
Olavo é um menino triste. E o primeiro grande ponto desse livro está aí: criança não é e não precisa ser alegre o tempo todo. O segundo aparece quando o pequeno encontra um pacote de presente na porta de casa. O que será que tem dentro? Ele fica tão animado com a novidade que acaba com medo de abrir o pacote. E se não for pra ele? Será que ele é merecedor dessa alegria que sente ou foi tudo um engano?

Para falar de imigração e povos refugiados | Dois meninos de Kakuma, Marie Bordas
A amizade entre duas crianças que se conheceram em um campo de refugiados no Quênia é o ponto de partida dessa história fotografada e ilustrada pela jornalista Marie Bordas. Geedi, de 12 anos, é somali e mora nesse que é um dos maiores campos de refugiados do mundo com a mãe e a irmã. Deng é sudanês e chegou sozinho a esse lugar. A dupla e seus questionamentos sobre guerra, imigração e o futuro são os assuntos que permeiam as páginas da obra, considerada uma porta de entrada sensível para falar sobre acolhimento de estrangeiros e a compreensão da necessidade que alguns povos têm de fugir de realidades violentas de seus países.

Para falar de negritude | Amoras, de Emicida
O poema escrito e musicado por Emicida para sua filha Estela virou livro. A história é baseada em uma conversa dos dois sobre amoras e sobre como quanto mais pretinhas, mais doces e especiais eram as frutas. Aos sete anos, a pequena chegou à uma conclusão prá lá de fofa, cantada pelo pai assim: “A doçura das frutinhas sabor acalanto fez a criança sozinha alcançar a conclusão/Papai, que bom, porque eu sou pretinha também“. Dê o play para ouvir o poema na íntegra abaixo.