Muito se discute sobre a exposição excessiva das crianças nas redes sociais. A revista Veja voltou a tocar no assunto citando o exemplo da menina russa Anastasia Knyazeva, de 6 anos, que já passou de 1 milhão de seguidores no Instagram (crescendo a cada dia). O perfil, gerenciado por sua mãe, Anna, mostra os trabalhos da modelo-mirim para marcas russas. Já alardeada como a “garota mais bonita do mundo” pelo tabloide britânico Daily Mail, Anastasia acaba sendo alvo tanto de comentários elogiosos como de opiniões “problematizadoras” (“Por que ela é a garota mais bonita do mundo? Só por que tem olhos azuis”?).

Citada pela reportagem, a pedagoga Elizabeth Monteiro desaconselha tal exposição, e atenta para o respeito. Para que seja utilizada a imagem de um adulto, por exemplo, é necessário que ele autorize. Uma criança não tem como autorizar e nem tem maturidade para isso, ressalta a pedagoga, e cabe aos pais protegê-la. E as crianças tendem a querer agradar os pais e a acatar suas escolhas. “Não é saudável”, diz ela.

A psicóloga Patricia Spada frisa que as fotos de Anastasia são “hipnóticas, lindíssimas”… Mas, quando crescer, quando passar por mudanças físicas incontornáveis, o que acontecerá? “Se ela não tiver sua autoestima bancada pela família, que digam que ela tem muito valor, que ela é muito capaz, isso pode ter desdobramentos negativos na capacidade da criança de resolver os próprios problemas. A beleza não banca tudo e ela precisa desenvolver outras aptidões”.

Um grande problema que vejo nesse tipo de exaltação da beleza infantil, somada à exposição nas redes sociais, é a mensagem que se passa para os outros, reforçando a ideia de que a beleza é a coisa mais importante na vida. E essa cultura de que apenas o que é belo tem valor pode se tornar um peso para muitas meninas. Inclusive para aquelas que são criadas acreditando que a beleza, por si só, basta, quando há tanto mais na vida para ser.