Você já parou para pensar em como o número de crianças por sala de aula e quantidade de cuidadores para as mesmas pode influenciar o desenvolvimento infantil? A Fundação Maria Cecília Souto Vidigal sim e, em seu site, conversou com a especialista em educação infantil Beatriz Ferraz, que esclarece algumas questões sobre o assunto. Segundo Beatriz, nessa fase da vida, os pequenos precisam e muito de interações de qualidade, para construir o que ela chama de "bate-bola", ou seja, um estímulo genuíno que favoreça a aprendizagem. E isso, conforme ela, demanda um número maior de professores e monitores para uma quantidade pequena de crianças.

"Segundo pesquisas, já se sabe que o cérebro de crianças de 0 a 3 anos se desenvolve através da interação entre elas e os adultos: as crianças ´passam a bola´ – na forma de vocalizações, gestos ou palavras – e os adultos a devolvem, sintonizando-se com a criança. Dessa forma, ela experimenta o sentimento de segurança e continuidade e consegue, assim, acumular experiências importantes e favorecedoras para a construção de sua autonomia, das relações afetivas verdadeiras e de seu ´eu´", diz Beatriz.

"As crianças pequenas têm necessidade de estabelecer e manter relações interpessoais estáveis, contínuas, íntimas e calorosas. Para isso é fundamental que possam contar com um número restrito de adultos que lhes seja bem conhecido e, preferencialmente, manter uma relação afetiva privilegiada com ao menos um desses adultos. Além disso, as crianças precisam ser respeitadas em seu ritmo individual de desenvolvimento e receber respeito e apoio indireto em suas atividades livres, fruto de suas iniciativas. Para que isso se dê com qualidade, é importante um adulto estar disponível e atento, estabelecendo com a criança uma espécie de bate-bola, que estabelece uma sintonia entre os dois", completa.

Hoje, no Brasil, existem documentos orientadores que buscam traçar indicadores de qualidade para a relação professor/criança, o que não necessariamente indica o tamanho da turma. O estudo “Parâmetros de Qualidade para a Educação Infantil”, produzido pelo Ministério da Educação (BRASIL, 2006d), propõe: 1 adulto para cada 6 a 8 crianças de 0 a 2 anos; 1 adulto para cada 15 crianças de 3 anos e 1 adulto para cada 20 crianças acima de 4 anos. Segundo relatório da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico – OECD (2013), em 2011, a média da proporção professor/criança no Brasil era de 1 para 17, pior que dos países da OECD, cuja proporção é de 1 para 14. Ao mesmo tempo, melhor do que alguns países da América Latina, que apresentaram médias de 1 para 25.

E você? Já parou para pensar na equação ideal?