Piano, violão,  reforço de matemática, natação, dança, luta, yoga, inglês, pintura. As atribuladas agendas infantis andam deixando muita carga horária adulta para trás. O foco em desenvolver tantas habilidades quanto possível (e o mais cedo possível) pode sobrecarregar os pequenos - e isso não é novidade para ninguém, mas em lugares como os Estados Unidos essa prática está tão difundida que virou assunto de consultório.

Um recente relatório de boas práticas publicado pela Academia Americana de Pediatria está incluindo a brincadeira no receituário dos médicos.

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O relatório é categórico: brincar não é supérfluo. A atividade ajuda a desenvolver a linguagem, a capacidade de negociação, ensina a respeitar regras, a focar em um objetivo e ignorar distrações, ajuda no desenvolvimento de funções motoras e também é um ambiente cheio de emoções com as quais as crianças precisam aprender a lidar, como a frustração, a euforia e o stress.

Os dados americanos que motivaram o movimento de pediatras são realmente alarmantes: apontam para uma diminuição de 25% no tempo de brincadeira na rotina das crianças entre 1981 e 1997 e, atualmente, indicam que apenas 51% das crianças brincam ao ar livre todos os dias. Para completar, uma fatia de 30% dos pitocos do jardim de infância não tem mais recreio.

O documento pondera que a pressão por sucesso acadêmico e profissional e a competitividade do mercado de trabalho atuais são provavelmente os fatores de maior peso nessa balança, e eles são compreensíveis, mas brincar pode ser tão crucial para um futuro brilhante quanto aprender um outro idioma. A AAP recomenda que pré-escolas encorajem a brincadeira livre durante o dia e que os responsáveis procurem uma brechinha no cronograma diário para momentos de não fazer nada, de ler um pouco despretensiosamente ou de brincar com um quebra-cabeças sem a obrigação de terminá-lo - e sem culpa.