A notícia do nascimento do terceiro filho de Kate Middleton e do príncipe William repercutiu de várias maneiras pelo mundo. Mas o que mais tem gerado polêmica e debate, no Brasil, é o fato de a duquesa de Cambridge ter deixado o hospital seis horas após o parto normal. 

“Não deixamos vocês esperarem muito”, brincou o príncipe já ao lado de uma Kate sorridente, com cabelos escovados e salto alto, na saída do hospital St Mary. 

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No Brasil, o que pareceu uma saída relâmpago fez muitas mulheres relembrarem o próprio parto ou, para aquelas que ainda não viveram esse momento, imaginarem o que é ter um bebê e se perguntarem: que parto foi esse?

Na verdade, a diferença entre os partos no Brasil e o de Kate na Inglaterra tem muito menos a ver com questão princesa versus plebeia, e muito mais relação com o sistema de Saúde. Aqui, após um parto normal, mãe e bebê ficam no hospital, pelo menos, 24 horas, conforme portaria do Ministério da Saúde. 

Lá, quando não ocorrem problemas na hora parto, a legislação estipula que as mulheres podem receber alta seis horas após dar à luz.

Segundo especialistas brasileiros, essa determinação tem por objetivo garantir a saúde do bebê, que precisa ser monitorado de perto nas primeiras 24 horas. E na Inglaterra não é diferente - só que essa acompanhamento profissional é feito em casa (e durante mais de 20 dias), e não dentro do hospital. 

A "parteira profissional" acompanha a gestante no pré-natal, no parto e no pós-parto, feito em casa. 

Kate com seus três filhos: 2018, 2015 (Charlotte) e 2013 (George)

Obviamente, todo o sistema é mais humanizado do que o brasileiro - onde inclusive o número de cesáreas é extremamente alto, chegando a 52% no geral e a 80% no sistema de saúde privado

Mas, no Reino Unido, assistência em casa por 21 dias não é só privilégio da realeza.

“Este esquema que acontece na Inglaterra e também em outros países como Alemanha, Holanda e Nova Zelândia garante que a mãe e o bebê sejam bem assistidos. No Brasil, ainda não temos condição de fazer isso, porque não temos possibilidades no serviço público de agentes irem à casa dessas mães”, afirmou ao G1 o médico obstetra da Casa Moara Jorge Kuhn.

Para a diretora da Clínica de Obstetrícia do Hospital das Clínicas de São Paulo, Maria Rita Bortolotto, também ouvida pelo G1, é importante levar em conta não só o quadro clínico, mas também o contexto social e psicológico das mães.

“A realidade das minhas pacientes é outra. Uma coisa é a Kate sair do hospital, outra bem diferente é quem vai ter que subir quatro lances de escada do conjunto habitacional, chegar em casa e ainda ter que fazer comida para o marido e cuidar dos outros filhos”, afirma. “Para algumas, um descanso maior no pós-parto é realmente necessário”.

O Reino Unido tem altas taxas de parto normal e uma das internações mais curtas do mundo desenvolvido, segundo um estudo feito pelo PLOS medical journal.