Você estuda e é mãe ao mesmo tempo? Já pensou em desistir de tantas jornadas? Pois saiba que você não está sozinha. Apesar de as mulheres se sentirem cobradas para serem super-mães, a realidade dentro das universidades ainda é pouco amistosa para acolher as necessidades de estudantes com filhos. 

“Vivemos um momento de invisibilização do fenômeno de ser mãe no Ensino Superior. Quando há pesquisas que abordam o tema da evasão universitária, não se faz o recorte de gênero”, afirma a advogada especializada em casos de família e doutoranda pela UFPR, Andressa Regina Bissolotti dos Santos.

Entre eles, a advogada aponta a situação de alunas que dependem das casas estudantis, onde não há espaço para mães ou que proíbem, em seu estatuto, a vivência dos filhos durante o período de residência de mães e pais no local.

“A vida acadêmica é extremamente acirrada, pensada para padrões masculinos, pessoas que estão concentradas na própria carreira”, diz.

Apesar de algumas leis tratarem do tema e parte do auxílio estar prevista nos regimentos internos de cada universidade ou instituição de ensino, muito do suporte encontrado pelas estudantes que são mães está na auto-organização. É nesse contexto que surge a rede de apoio Mães na Universidade, de São Paulo. Para Fernanda Vicente, mãe e fundadora do coletivo, a sociedade romantiza a maternidade.

O grupo conta com voluntárias e envolve todo o tipo de ajuda: da carona solidária até formatar um trabalho da faculdade ou cuidar de alguma criança. Durante todo o ano, também disponibiliza apoio psicológico gratuito. São cerca de 10 a 15 mulheres atendidas todo o mês.

“Uma mãe que não consegue frequentar uma escola, concluir o Ensino Médio ou a graduação acaba sendo segregada de importantes espaços sociais e tendo alguns direitos negados”. 

Você sabia?

- A Lei 6.202, de 1975, regulamenta o regime domiciliar para estudantes, garantindo um afastamento de três meses, a partir do oitavo mês de gravidez. O período de afastamento, no entanto, é determinado por atestado médico, apresentado à direção da escola. A licença-maternidade também não garante, por exemplo, abono de faltas.

- Apesar da escolaridade das mulheres ser mais alta, a jornada também é. De acordo com o estudo Retrato das Desigualdades de Gênero e Raça, divulgado pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), as mulheres trabalham, em média, 46,1 horas por semana, incluindo trabalho remunerado e não-remunerado. São aproximadamente 7,5 horas a mais que os homens no mesmo período.

- Desde maio de 2017, uma portaria do Ministério da Educação garantiu o direito à amamentação nas escolas, universidades e outras instituições federais de ensino, mesmo se não houver equipamentos ou ambientes exclusivos para esse fim.

E você? Quais as dificuldades que enfrenta? Conta pra gente!