Simone Gasperin é a autora do texto que dá título a essa matéria (leia na íntegra aqui). A publicitária gaúcha é uma buscadora de futuro profissional, mas, mais que isso, Simone é mãe do Ignácio. Depois de passar um bom tempo estudando revoluções pós-digitais e futurismo como sócia da Aerolito, uma empresa que se define por acelerar futuros desejáveis, ela se deu conta de que boa parte do que se prevê no horizonte do mercado de trabalho é o que há muito se considera a base da criação de um bebê: acolhimento de emoções, comunicação, escuta ativa e aprendizado constante.
Mas a falta do que Simone chama de "olhar para as pessoa na sua integralidade" ainda é muito presente no ambiente corporativo. Metas, resultados e números vêm muito, muito antes das necessidades particulares de quem gera as cifras das tabelas. Como, então, chegar ao cenário de cuidado e atenção à humanidade que os estudos de tendências preveem para as empresas do futuro? Talvez a resposta esteja nas mães.
Criar filhos preparados para esse novo mundo profissional é um passo importante. O Ignácio, por exemplo, começará a vida escolar aos 3 anos em um colégio com foco em comunicação. Mas o pulo do gato, mesmo, quem sabe esteja em usar o conhecimento profundo da dualidade das vidas parental e profissional, geralmente experimentada com mais força pelas mães, para entender a intersecção poderosa que pode haver entre esses dois mundos.
Mães reaprendem a trabalhar a partir de experiências com o bebê enquanto descobrem novas maneiras de ser mães resolvendo pendências profissionais. É o exercício que a Simone vem fazendo - e nós conversamos com ela para saber o que ela já descobriu nessa empreitada. Dá só uma olhada:
-Evoluí muito em termos de produtividade, pois gestão do tempo virou prioridade.
-Aprendi a dizer mais "não" e a aceitar que está tudo bem não dar sempre conta de tudo.
-Aprendi a ver o mundo pelos olhos de uma criança: perceber como elas aprendem, como interagem, como reagem aos estímulos e frustrações. Esses momentos são uma fonte riquíssima de inspiração para quem trabalha com gestão de pessoas, com processos de transformação e com aprendizagem.
-Entendi que aprender é uma habilidade cada vez mais necessária e precisamos estar abertos para diferentes pessoas, plataformas, ferramentas. Precisamos, ainda, ter a humildade de nos colocarmos sempre na posição de aprendiz - e passar essa postura para nossas crianças.
-Percebi, depois do primeiro ano do Ignácio, conforme ele foi evidenciando sua personalidade, a importância da minha presença como mãe. E quando eu digo isso me refiro à presença ativa: estar por inteiro junto a ele.
-Entendi que o Tom Zé tem razão quando diz que "a criança é um futuro que nasce todos os dias".
É possível que os próximos anos venham carregados de ainda mais desconstrução das compartimentações da vida. O que é do trabalho não ficará só no trabalho e o que é de casa já não permanecerá entre quatro paredes. A horizontalização das relações (tanto as de trabalho quanto as familiares) e a liquidez desses vínculos farão com que seja preciso repensar as nossas dinâmicas diárias - e essa pode ser uma ótima oportunidade para seguirmos o conselho da Simone de nos colocarmos cada vez mais na posição de alunos.