Você já ouviu falar nos "pais-helicóptero"? Essa expressão tem se destacado em diversos artigos nas redes sociais e chama atenção para um exemplo clássico de pais e mães que, como hélices de helicóptero, ficam girando em torno dos filhos.
É lógico e compreensível que as crianças tenham papel fundamental nas nossas preocupações cotidianas: buscar na escola, ver lanche, acompanhar tarefas, cobrar a higiene com os dentes, ufa. Porém, esses "pais-helicóptero" que estão ganhando destaque extrapolam os limites da superproteção e abrem caminho para uma reflexão bem importante: você está criando o seu filho para aprender com as perdas e frustrações? Do jeito que estão sendo criadas, essas crianças estarão preparadas para encarar o mundo lá fora, os desafios do mercado de trabalho, a necessidade de se esforçar para conquistar seu espaço?
Eu mostro aqui embaixo algumas características desse perfil parental e as consequências desse comportamento. E volto a lembrar uma máxima que carrego sempre comigo: amar seus filhos significa guiá-los, protegê-los e apoiá-los, mas não sufocá-los, superprotegê-los ou fazer tanto por eles que nunca aprendam a pensar por si mesmos, a lidar com desafios ou com o desapontamento e fracasso. Fica a reflexão!
- "Pais-helicóptero"' não querem que seus filhos se machuquem. Querem suavizar cada golpe e amortecer cada queda. O problema é que essas crianças superprotegidas nunca aprendem como lidar com a perda, com o fracasso ou com o desapontamento — aspectos inevitáveis da vida de todos. A superproteção torna quase impossível que esses jovens desenvolvam a tolerância em relação à frustração. Sem esse importante atributo psicológico, os jovens entram na força de trabalho em grande desvantagem.
- "Pais-helicóptero" fazem coisas demais pelos filhos, portanto, essas crianças crescem sem uma ética de trabalho saudável e sem habilidades básicas. Sem essa ética de trabalho e habilidades necessárias, o jovem não será capaz de realizar muitas das tarefas exigidas pelo local de trabalho.
- "Pais-helicóptero" protegem suas crianças de qualquer conflito que possam ter com seus colegas. Quando essas crianças crescem, não sabem como resolver dificuldades entre eles e um colega ou supervisor.
- As pessoas resolvem problemas tentando coisas, cometendo erros, aprendendo e tentando novamente. Esse processo cria confiança, competência e autoestima. "Pais-helicóptero" impedem que seus filhos desenvolvam todos esses importantes atributos que são necessários para uma carreira de sucesso.
- "Pais-helicóptero" pensam que seus filhos devem vencer qualquer coisa. Todo mundo que participe de um evento esportivo deve ganhar um troféu. Todos devem conseguir uma nota de aprovação, mesmo que sua tarefa esteja atrasada ou malfeita. Em um local de trabalho funcional, há apenas um vencedor de uma competição, e apenas um trabalho de alta qualidade é recompensado. Se as crianças crescem pensando que, independentemente do que façam, irão vencer, não perceberão que, na verdade, têm de trabalhar duro para conseguir ter sucesso.
- A criação-helicóptero inculca uma série de atitudes negativas nas crianças. Elas crescem com grandes expectativas de sucesso, independentemente de quanto tempo ou energia investem, e sentem que merecem tratamento preferencial — sendo que nenhum dos dois comportamentos cai bem com seus colegas ou chefes.
- Mesmo de pequenas maneiras, os "pais-helicóptero" paralisam seus filhos. A criança adulta de "pais-helicóptero" vai fazer sua pausa para o café e então sair da copa sem ter limpado sua sujeira ou lavado sua xícara. Podemos imaginar como isso causará ressentimento entre seus colegas. Esses jovens esperam que "alguém" limpe sua coisas, da mesma forma que sua sujeira foi sempre limpada quando eram crianças. Não percebem que já não há ninguém os seguindo, limpando sua sujeira, seja física, interpessoal ou profissional.