Não sei se você concorda, mas, para mim, política também é assunto de criança. Não falo em cabo eleitoral, votos ou palanque. Me refiro aqui a algo muito mais sutil mas não menos importante: o exercício da cidadania. 

Desde pequenos, nossos filhos deparam com situações importantes para o uso coletivo das cidades e precisam refletir sobre a responsabilidade conjunta por essas questões: é a sujeira nas ruas, o desrespeito à faixa de pedestre, o descuido com a natureza. E fica difícil sair por aí dizendo que eles são o futuro da nação quando não dialogamos abertamente sobre tanta falta de exemplo real do que queremos como futuro, não é? 

Pois foi por isso que eu me encantei com o livro Quem manda aqui, que fala política para crianças.. Inspirado nos contos de fada e na vida real dos pequenos, com reis, rainhas, xerifes, prefeitos, pais e professores sempre tomando decisões, a obra, publicada pela Companhia das Letrinhas, convida os pequenos a levantarem algumas questões: o que faz de um rei um rei? Quem dá ao outro o poder de decidir e por quê?

A publicação foi produzida a partir de seis oficinas realizadas com crianças de 3 a 10 anos. Segundo o hacker Pedro Markun, um dos autores, o objetivo é dar recursos para os pequenos refletirem sobre formas de controle e poder. 

“Crianças acreditam que o mundo é mutável e são menos limitadas do que os adultos na hora de criar novas soluções para os velhos problemas”, afirma. 

Além da versão impressa, o livro está disponível gratuitamente para download em quemmandaaqui.com.br. A ideia não é dar respostas, mas levar o assunto para dentro de casa e para a sala de aula, o que eu acho, por si só, motivo de comemoração.

Agora, os autores do livro se lançam em mais uma empreitada para a criação de um novo título, "Eleição dos bichos", dessa vez, abordando o tema "eleições". No livro, cansados dos mandos e desmandos do rei da selva, o leão, os bichos resolvem fazer uma eleição para escolher democraticamente um novo 'rei'. Que bicho vencerá essa eleição? O livro, que está com uma campanha de financiamento coletivo para viabilizar as oficinas, edição e impressão, será produzido no mesmo formato do primeiro, de maneira independente, a partir do diálogo com as crianças.

Vamos nessa?