Você já parou para pensar que elogiar o talento ou a inteligência de uma criança pode acabar freando seu desempenho em várias áreas da vida. Num primeiro momento essa ideia parece errada, já que devemos incentivar nossos filhos. Mas celebrar demais seus talentos naturais não é o mesmo que incentivar seus esforços e perseverança - e, por isso, pode ter um impacto negativo na vida dos filhos. 

Segundo uma das colunas da jornalista Érica Fraga, da Folha de São Pauloesse é o recado para pais, cuidadores e professores dado da psicóloga Carol Dweck, pioneira no estudo sobre desenvolvimento pessoal e a personalidade.

Ao longo de décadas de pesquisas, Dweck identificou que comentários elogiosos a habilidades supostamente natas contribuem para a formação do que ela chama de mentalidade fixa.  

 

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O talento pode até vir do berço —talvez fruto de herança genética—, mas acreditar que ele é a única ou a principal fonte de sucesso pode causar grandes prejuízos. No livro “Mindset”, a pesquisadora dá vários exemplos de como isso ocorre, e a jornalista cita dois:

  • O adulto diz para uma criança: “Você aprendeu isso tão depressa! Como você é inteligente!”. Mas o que a criança tende a interpretar é: “Se eu não aprender alguma coisa depressa, significa que não sou inteligente”.
  • Ou: “Olhe esse desenho, Marta. Ele será um novo Picasso?”. E eis que a criança pensa: “Não devo tentar desenhar nada a sério, porque vão ver que não sou nenhum Picasso”.

Segundo Dweck, o efeito de comentários desse tipo é levar quem os recebe a temer a frustração —a sua própria e a dos demais— e, portanto, não se arriscar em desafios que pareçam intimidadores.

E existem outras descobertas recentes da psicologia que indicam que o esforço é o grande determinante do bom desempenho. Apesar de inteligência e talento serem importantes, é a garra que faz as pessoas chegarem mais longe. 

A mensagem dos pesquisadores reitera: para ajudar a crianças a perseverar, é preciso que os pais ou cuidadores primeiro se convençam da importância dessa habilidade.