Um dos tópicos mais debatidos por pais de bebês, crianças e adolescentes hoje em dia é o impacto que a exposição à tecnologia de smartphones, computadores e tablets pode trazer para o desenvolvimento dos filhos em cada uma dessas fases. E muito embora o coro que garante que as telas são altamente prejudiciais seja mais grosso, há pesquisas que indicam que talvez o monstro não seja tão grande assim.
Movimentos como o de diversos pais do Vale do SilÃcio (um dos maiores pólos de desenvolvimento de tecnologia do mundo) aconselham jogar cada vez mais para frente a idade de inÃcio do uso desses dispositivos e controlar com firmeza a frequência do uso. Já estudos recentes como os desenvolvidos pela Royal College of Paediatrics and Child Health, da Inglaterra, sustentam que ainda não há evidência cientÃfica para afirmar conclusivamente que o uso de smartphones faz mal para o desenvolvimento infantil.
E aà fica complicado saber em quem acreditar: de um lado os pais que profissionalmente são responsáveis por gigantes como Facebook, Google, Microsoft e Apple e, de outro, médicos e pesquisadores que apoiam-se em metodologias cientÃficas historicamente eficazes para avaliar as consequências de determinado objeto de estudo na rotina e na saúde das pessoas.
Athena Chavarria, que deixou o Facebook para se dedicar ao braço filantrópico das iniciativas de Mark Zuckerberg, disse em entrevista ao New York Times que "o diabo mora em nossos telefones e está causando estrago na vida dos nossos filhos" - e essa frase pode parecer verdadeira para muita gente que vê os filhos sugados para dentro das telas desde muito cedo. Na casa de Chavarria, celular só a partir do ensino médio - e com limite de uso dentro da rotina da famÃlia. Mas será que é preciso tanto controle assim?
O argumento da pesquisa britânica para dizer que não, não é preciso tanto controle nem paranóia é bem simples: a maior parte dos problemas tidos como decorrentes do uso de tecnologia - como obesidade, ansiedade, falta de sono ou dificuldade de concentração - são efeitos de não praticar esportes ou de não ter uma vida social adequada à idade, por exemplo. E isso não é efeito direto das telas, é só uma questão de como o tempo da criança e do adolescente está sendo usado. Se houver tempo para tudo, as telas não devem ser nocivas a ponto de gerar tanta preocupação.
O contraponto é válido e a discussão sobre o assunto entre pais, cuidadores e especialistas tanto do campo tecnológico quanto do médico certamente será capaz de gerar novas hipóteses e comprová-las com o tempo. Mas para começarmos a conversa por aqui, conta para a gente: como é aà na sua casa? Telinhas liberadas? Tem hora ou lugar? Proibição total? Por quê?