De fora, nem parece uma escola. Nada de pracinha à vista, nem burburinho de criança na calçada, muito menos fachada colorida. As AltSchool, rede de mini-escolas butiques inauguradas em 2013, nos Estados Unidos, com investimento de gigantes da tecnologia do Vale do Silício, ficam escondidas em prédios comerciais. 

Por dentro, uma ampla área é separada por divisórias, formando várias sala de aulas que mais parecem lojas de decoração, com sofás baixos, pufes bem fofos, grupos de mesas e cadeiras em madeira em tamanhos que vão reduzindo, lembrando a historinha da Cachinhos Dourados. 

Estruturalmente falando, não há diretor, a administração é feita pelos próprios professores, e o controle fica centrado na sede da empresa, em São Francisco. Para completar, nem sequer há muitas crianças: cada uma das AltSchool é uma "mini-escola", reunindo, do jardim de infância ao terceiro ano do Ensino Fundamental, cerca de 35 alunos ao total. 

No entanto, a ambição é enorme: ser uma escola diferente de tudo que já se viu, onde a educação seja adaptada à tecnologia e às paixões e aptidões de cada um de seus alunos, além, ainda de preparar as crianças para o local de trabalho do futuro - onde, segundo seu fundador, os ex-executivo do Google, Max Ventilla, serão exigidas habilidades como individualidade, criatividade, colaboração e pensamento crítico. O plano de aprendizagem personalizado é a base da experiência da AltSchool. Os professores trabalham com as famílias e os alunos para conceber um conjunto de metas para cada criança com base nos interesses, gostos, pontos fortes e fracos dos pequenos. O investimento para fazer parte do "clube" começa com uma taxa de matrícula de cerca de US$ 35 mil/ano.

Veja como funciona:

Os alunos entre 4 e 14 anos de idade são divididos em três grupos: elementar inferior, ensino fundamental e ensino médio. Não há níveis tradicionais.

Um dia típico no AltSchool começa com o registro da chegada de cada aluno em um aplicativo no iPad. 

O aplicativo abriga ainda o cartão de tarefas do aluno, onde os professores acessam dados pessoais das crianças, como alergias alimentares, e registram informações sobre a evolução de cada criança em seu plano personalizado de aprendizagem, bem como a avaliação, que leva em conta não só habilidades acadêmicas, do currículo regular, como também as habilidades sociais e emocionais. 

Por meio de celulares e tablets, professores e os próprios alunos, como na imagem abaixo, também fotografam trabalhos e digitam suas impressões e podem, ainda, compartilhar esse material com os pais, por meio do AltSchool Stream, um aplicativo que permite a comunicação instantânea entre a casa e a escola, ou inserir nos seus planos de tarefas personalizados.

Cada criança recebe uma "playlist" semanal de atividades individuais e de grupo que visam atingir as metas previstas do plano personalizado de aprendizagem. Este estudante aqui da foto abaixo estava escrevendo uma apresentação para o seu blog sobre a coleta de moedas.

As salas de aula são tratadas como estações, em vez de áreas pré-estabelecidas para cada nível. Os alunos se movem de sala em sala durante todo o dia..

Artesanato e material de limpeza são armazenados onde as crianças menores possam alcançá-los, dando-lhes um sentimento de pertencimento e participação nas tarefas.

Após o almoço, os alunos deixam de lado suas playlists de aprendizagem e trabalham em projetos de grupo mais integrados.

Fotos: Melia Robinson