Felizmente os castigos físicos estão cada vez mais em cheque. Diversos estudos desenvolvidos ao longo de muitos anos já conseguiram provar que bater em crianças esperando uma melhora no comportamento não tem nenhuma efetividade (falamos recentemente sobre isso aqui). 

Ainda assim, pesquisas como a conduzida pela Universidade de Chicago em 2016 apontaram que, nos Estados Unidos, 76% dos homens e 66% das mulheres de 18 a 65 anos ainda acham que umas palmadas de vez em quando não são problemáticas.

Assine nossa newsletter

E fique por dentro de todas as novidades

Considerada uma autoridade no assunto, Dave Anderson, que é diretor do Centro de Distúrbios Comportamentais do Child Mind Institute, disse em entrevista ao Washington Post que o ato de bater nos filhos geralmente aparece em pais que apanharam quando crianças ou em adultos expostos a situações de estresse extremo, nas quais usar a força contra uma criança parece a única solução. 

E é claro que a gente sabe que bater deliberadamente em uma criança não é a primeira opção de alguém que esteja cuidando e protegendo um menor, mas a pergunta que muitos pais fazem é: como, então, contornar um cenário caótico, em que o pequeno não responde, não obedece e o adulto está perdendo as estribeiras? A chave é repensar o que disciplina quer dizer.

Cada casa e família têm suas regras para funcionar direitinho. Quem estabelece essas regras são os adultos e as crianças são convidadas a segui-las para o bem de todos. A questão é que a obediência vem muito mais do exemplo do que da hierarquia. Se as crianças crescem vendo adultos abertos ao diálogo e colaborando com as tarefas da casa, têm muito mais chances de se comportarem de acordo com o esperado pelos pais do que se forem simplesmente mandadas a agir assim ou assado. 

Ainda em entrevista ao WP, Anderson explica que passar tempo com a criança participando de atividades infantis com ela pode ser valiosíssimo nesse caminho. Isso porque, nesses casos, ela pode liderar e você pode seguir a sua pequena liderança. "Assim, é mais provável que seu filho siga suas instruções quando você precisar, porque você mostrou a ele que há momentos em que eles precisam seguir instruções e momentos em que você vai deixá-los brincar ou ter controle sobre o que eles estão fazendo", diz.

Ok, mas e se mesmo assim uma palmada parecer a única saída de vez em quando? Talvez o problema esteja mais em você do que na criança. Pode ser uma boa hora para olhar para dentro e refletir sobre como você lida com sentimentos como a raiva ou a frustração. Muitas vezes a palmada no outro vem de algum tipo de dificuldade em lidar com essas sensações. Especialistas indicam técnicas como terapia e meditação como maneira de explorar a questão e encontrar maneiras de superá-la.