Parece coisa de filme dizer que existem relacionamentos psicologicamente abusivos entre pais e filhos em que a figura do abusador é ocupada pelo pequeno. Mas é a mais pura realidade. Um desvio de comportamento batizado de Síndrome do Imperador é o responsável pela situação atípica.

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Resumindo bem, o resultado da condição é mais ou menos o seguinte: o filho manda, os pais obedecem. E, ao longo do tempo, amigos, parentes e outros adultos próximos da família podem acabar fazendo parte do ciclo.

Essa dinâmica tirana é fruto de um tipo de desvio educacional - portanto, é preciso que os pais repensem como conduzem a educação dos filhos, e não que partam apenas para a repreensão comportamental das crianças.

Como a ciência comportamental está longe de ser exata, há consenso sobre algumas possíveis causas e um punhado de medidas corretivas, mas é preciso estar atento às particularidades de cada caso e buscar ajuda profissional para entender de onde vêm o problema. Vamos a algumas causas:

Pais ausentes
Vida corrida e pouco tempo para os filhos muitas vezes são fatores que levam os pais a tentar compensar demais: já que eu fico longe o tempo todo, quando estou perto deixo que meu filho faça o que quiser. A mensagem que a criança recebe é a de que é um ser que precisa conviver com um tanto de solidão e ausência dos pais, mas em troca ganha poder sobre eles.

Falta de limites
Essa causa acomete também os pais que estão sempre por perto. Dizer sempre sim não é sinônimo de ser um bom pai ou uma boa mãe. Os pequenos precisam de ajuda para desenvolver seus sensos de responsabilidade e para entender até onde podem ir. Esquivar-se desta obrigação parental pode resultar em um imperador em casa.

Não ter irmãos
É claro que ser filho único não significa transtorno educacional, mas aprender a dividir a atenção dos pais, os brinquedos, o quarto e todo o resto da vida com um irmão funciona, por si só, como uma medida educacional importante, que ensina limites e respeito.

Ok. Mas e se já tem alguém sentado no trono dando ordens à revelia na minha casa? Confira algumas dicas para corrigir a rota.

Foco na inteligência emocional
Já falamos muitas vezes aqui no Primi que ensinar a reconhecer os sentimentos, dar nomes a eles e acompanhar os pequenos na descoberta de como lidar com cada uma das sensações é fundamental. Ensinar emoções é ensinar empatia - e fica bem mais difícil ter um comportamento que faz mal ao outro quando você consegue se colocar no lugar dele. Aposte em livros (aqui,aqui e aqui) e desenhos educativos (aqui e aqui) sobre o assunto.

Seja exemplo
Se esforce para demonstrar respeito e atenção nas suas relações. As crianças são pequenos mímicos de seus pais. Quanto mais o pequeno que está passando por essa situação complicada enxergar os adultos ao seu redor resolvendo seus problemas sem violência e tratando os outros com consideração, mais sentido fará para a criança que se comporte da mesma forma.

Estabeleça limites
No início vai doer. Os pequenos vão espernear, vão dizer que odeiam você e não será fácil para ninguém. Mas é preciso para o bem de todo mundo. Uma criança que cresce sem entender que é preciso negociar, ceder e compreender o outro cresce sem ferramentas para viver harmonicamente em sociedade.